sexta-feira, 20 de maio de 2011

Matéria Jornal da tarde

19 de maio de 2011 |
23h34 |
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Categoria: Comportamento, Obras viárias, Urbanismo

LUÍSA ALCALDE

Funcionários da Prefeitura fazem inspeção em casas que podem ser desapropriadas pela obra de prolongamento da Avenida Roberto Marinho à Rodovia dos Imigrantes antes de o projeto de adequação viária ser aprovado pela Câmara Municipal.

Moradores da região do Jabaquara, na zona sul, foram surpreendidos na última quarta-feira por quatro funcionários de uma empresa terceirizada que queriam entrar em seus imóveis para fazer um levantamento para a elaboração do projeto.

Desconfiados de que a visita tinha a intenção de avaliar os imóveis que serão desapropriados para a passagem de um túnel de 3 km, a maioria não abriu as portas. O trabalho seria encerrado hoje.

Outro motivo foi que os terceirizados mostraram apenas uma carta, datada de fevereiro, com o timbre da SPObras, antiga Emurb, sem nenhuma autorização judicial. O documento detalhava que o objetivo era “efetuar medições do terreno e levantamento das benfeitorias nele existentes”.

“Nós nem sequer fomos notificados ainda oficialmente sobre as desapropriações”, protesta Marcos Munarim, morador do bairro e um dos líderes de um movimento de resistência contra a execução da obra, que, segundo ele, apresenta dezenas de irregularidades. “Soubemos que eles vieram aqui no bairro com plantas expropriatórias, fotos dos quarteirões”, detalha Munarim.

O aposentado Shiguriuke Ynoue, de 77 anos, conhecido na região como Francisco, morador da Rua Eulália há 45 anos, foi um dos que recebeu a visita dos técnicos e recusou a deixá-los entrar.

“Disseram que queriam fazer medições no terreno e que, se eu tivesse alguma dúvida, deveria ligar para a Prefeitura, mas mesmo assim não permiti”, conta ele, que se disse muito entristecido com toda essa situação. “Quase no fim da vida a gente ainda tem de brigar para não perder a casa. É muito triste.”

A assessoria de imprensa da SPObras informou, por meio de nota, que o propósito das visitas “é fazer um levantamento cadastral usual em projetos de engenharia que está sendo realizado em toda a região incluída no projeto de prolongamento da Avenida Jornalista Roberto Marinho e da Via Parque”.

Além de moradores do Jabaquara, os de Americanópolis também receberiam as visitas.
O vereador Aurélio Miguel, contrário às mudanças que o Executivo quer fazer no projeto de prolongamento da Avenida Roberto Marinho, disse que os moradores não têm nenhuma obrigação de deixar ninguém entrar em suas casas, a qualquer pretexto, se dizendo enviados pela Prefeitura.

“Não há nenhuma decisão judicial para isso e o projeto nem sequer foi aprovado”, afirmou. O projeto do túnel faz parte de um conjunto de intervenções da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada.

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